A EDUCAÇÃO está de LUTO! Chega de PRECONCEITO! Chega de AUDISMO! Ouvinte não é melhor que o surdo... todos são IGUAIS!

 

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OS SURDOS TAMBÉM PODEM FALAR!

 

“Então, eu sou surdo e por orgulho, trago esta fita azul no peito, com uma mensagem: Inclusão Social para que? Produz, permite aprendizado, conhecimento... é isso. Olha, peguei! Educação de surdos... peguei também: cultura surda! Educação e cultura surda se fundem e aí estão. Sinto, de verdade, sei que por meio da cultura mostramos nossa igualdade, mostramos nossa identidade surda. É isso. Mas, parem! Os ouvintes querem nos pressionar com o ouvintismo, discriminando os surdos, têm suas imposições... Esperem... nada disso. Eu quero ter minha identidade surda, minha cultura, aceito acessibilidade na educação de surdos! Culturalmente, os surdos estão ‘pé de igualdade’ com as demais pessoas, têm capacidade para progredir, desenvolver-se... isso está sendo mostrado. Então, eu sinto, de verdade, aceito a inclusão social, mas em turmas inclusivas, numa mesma sala surdos e ouvintes juntos? Parem! Isso me fez perder muito na vida, desenvolver-me... assim aconteceu. Enquanto os ouvintes ascendem na vida, os surdos ficam muito aquém do desejável, frustrando-se. Inclusão real se dá em turmas especiais para surdos, onde se ofereça o aprendizado adequado e também, em uma situação diferenciada, em escolas bilíngues, onde cultura surda e diversos outros conhecimentos sejam oferecidos. Ali há a possibilidade de ascensão, desenvolvimento, mas assim, nestes ambientes.

Mas, a diferença diz respeito à língua: a principal é a primeira língua, a Língua de sinais e a segunda é a língua portuguesa. Também, para os ouvintes, deve se criar a disciplina Libras, para que os ouvintes evoluam em Libras e surdos e ouvintes cresçam igualmente no conhecimento. Temos capacidade, aí estão identidade e cultura surda... falamos de que? de um desafio que nos estimula a mostrar que somos iguais às demais pessoas... Mas quando os ouvintes nos pressionam, dizemos: esperem, eu, os surdos aceitam apresentar (suas propostas), (vivemos) na democracia, temos liberdade e o direito de opinar! Vocês, ouvintes, querem calar nossa opinião? Ordenar a inclusão, impor, vocês, deste grupo específico conhecem a cultura surda e sabem como vão prejudicá-la? Vocês sabem, vivem, conhecem tudo (sobre surdos)? Vocês, há muito tempo convivem, têm contato com surdos, vocês não têm! Sabem também? os intérpretes sabem da diferença linguística dos surdos, que têm sua língua, que é assim.

Vocês, que impõem, do governo, que querem impor uma educação, vocês da Secretaria, sobre Cultura (surda), vocês conhecem? Esperem! Devem aceitar o direito dos surdos (ir até eles), e conhecer suas propostas e sua opinião, é um direito deles, vocês precisam admitir isso e abrir a mente, mudar sua visão e oferecer-lhes o que? Que, no futuro, eles receberam de vocês escolas bilíngues, formação, educação, que sejam motivados a sonharem em ser professores surdos, em fazer (graduação em Letras-Libras... Pedagogia, Matemática, Geografia, História, Artes, Educação Física e várias outras áreas do conhecimento... eles (os surdos) têm capacidade de serem professores em Libras, surdos ministrando aulas! Parece que os professores surdos são sempre excluídos, humilhados, discriminados, só ouvintes se multiplicam na educação! Isto é discriminação! É preciso que sejam tratados de modo igualitário, surdos sempre falando em sua língua de sinais e ouvintes também, usando Libras, em igualdade, compartilhando, interagindo. Sonho com professores surdos possibilitando escolas bilíngues, ensinando por aí... parem, discriminação nós não aceitamos não! Precisamos de intérpretes sérios, capazes, profissionais, proficientes (nas línguas de trabalho), que não desmereçam a Libras, não, isso não queremos! (queremos) ter igualdade de direitos, queremos mostrar essa verdade! Eu quero, em termos de língua, que haja respeito pela comunidade surda, que tem o direito, a liberdade, (estamos numa) democracia,  de mostrar o que sente e sua cultura diferente, sua capacidade...

Então? Também é possível fazer algo a favor dos surdos, aceitar a educação com surdos, o que vocês não querem, estão humilhando-nos, querem a inclusão, vocês querem realmente discriminar, pisar os surdos? Nós não aceitamos isso não, o sofrimento de surdos em todo o Brasil, não aceitamos! Temos o direito de sermos tratados como os outros brasileiros! Estamos mostrando nosso direito. Olhe: eu sou surdo, eu sei, tenho consciência de que o aprendizado efetivo se dá se a primeira língua (de instrução) for a língua de sinais e o português (sendo ensinado e usado) como segunda língua... verdade, isto deve ser me dado, é meu direito e me daria muita alegria... e progresso, desenvolvimento... é a garantia da igualdade de direitos... Estou apresentando isto, que na sociedade os surdos tenham orgulho, vocês tenham, da identidade surda, da capacidade nossa de estar no mesmo nível que os ouvintes, é preciso! Estarmos em desvantagem, sendo humilhados, isso não aceitamos. Queremos mostrar o orgulho da sociedade surda. Igualdade de direitos, isso. ‘Audismo’ parece ser a pressão sufocante, mas estamos mostrando nossos direitos. Agora, estamos lutando, todos nós, surdos, lutamos, mostrando que aceitamos e concordamos com uma educação de surdos em escolas bilíngues.

Mas, a cultura surda ela é muito importante! Vocês, ouvintes, precisam entender, sentir realmente respeito pelas propostas e opiniões dos surdos, que eles apresentarem a vocês... tudo (que for apresentado) e que haja mudança efetiva! Hoje, eu percebo, sinto que ainda vai continuar a discriminação, mas eu sinto (a necessidade de se romper, fazer) diferente. É preciso proporcionar algo aos surdos, que já mostraram seu direito de serem tratados da mesma forma que os demais... temos esse direito, queremos a cultura surda neste ambiente (escolar), precisamos conhecer mais, interagir, comunicarmos-nos em língua de sinais – a Libras é importante! É o que estou mostrando, aceitem essa diferença, direcionem sua atenção e sejam favoráveis à educação de surdos, ao bilinguismo, à cultura surda. Pois o desafio é a promoção da inclusão social, promover a interação de verdade. Você quer, surdo, tudo isso, sente que pode mudar sua vida, desenvolver-se, crescer, eu mostrei que isso é possível, com a identidade surda, a cultura surda, ou você quer que os ouvintes influenciem e pressionem você, quer isso?  Não, não queremos, eu mostrei que estamos em igualdade com os ouvintes, somos iguais, temos nossos direitos, nossa identidade, a cultura surda, como vocês (ouvintes) têm. O seu sonho é como uma semente que cai na terra e brota, explodindo em Libras, numa bandeira cujo tremular é em sinais, numa bonita história do Brasil, de surdos orgulhosos assim (como vocês)!!!

 

Autor: Messias Ramos Costa

 

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